MPLA UM PROTOESTADO QUE LEGITIMA A CORRUPÇÃO E ROUBO DE MASSANO

Vulnera non dantur ad mensuram. Vulnerant omnes, ultima necat. As lesões (ou ofensas) não são dadas sob medida. Todas ferem, a última mata. Cada hora fere a nossa vida até que a derradeira a roube.

Por William Tonet

O Presidente da República, João Lourenço confirmou, a céu aberto, todas as suspeições, que calcorreavam por debaixo da mesa, ao condecorar, no 14 de Setembro de 2025, com medalhas de 50 anos, oficiais militares, políticos e governantes portugueses comunistas, responsáveis pela tragédia, que ainda grassa pelo país.

Esta casta barroca lusa, em 1975, estimulou a perseguição e clima de crispação contra muitos portugueses e angolanos brancos, que tinham Angola como seu país, atiçando contra eles, sentimentos chauvinistas, levando-os a abandonar os empreendimentos comerciais, industriais e agro-pecuários que colocariam, hoje Angola num patamar elevado de desenvolvimento económico e democrático.

A condecoração presidencial de 14 de Setembro de 2025, a personalidades (sinistras) portuguesas, sem escrutínio do poder legislativo, demonstra a banalização dos órgãos de soberania por parte do MPLA.

Os condecorados nunca defenderam a maioria dos angolanos. Eram e são aliados confessos do MPLA. Traíram os mais lídimos anseios de Angola, carente desde então do usufruto de uma verdadeira independência: a imaterial!

A terra pós-colonialismo regrediu ao ver assassinado os Acordos de Alvor, pelos comunistas e socialistas portugueses, a favor do MPLA, com Almeida Santos (dirigente socialista e ex presidente da Assembleia da República) a dizer ser o documento “um papel sem valor”, numa conjura contra os outros dois subscritores (FNLA/Holden Roberto e UNITA/Jonas Savimbi).

Outro maestro maléfico, no teatro das operações, Rosa Coutinho (ex-presidente da Junta Governativa de Angola pelo MFA), entregou exclusivamente, os quartéis militares, as esquadras de polícia, armas, canhões, munições (que deveriam servir um exército nacional único e apartidário, integrando militares da FNLA, MPLA, UNITA, segundo, Alvor), informação classificada, órgãos de comunicação social (jornal Província de Angola, Emissora Oficial de Angola, a RTP), a sede da PIDE (órgão de Segurança de Estado português, em Angola), ao MPLA e Agostinho Neto.

Este oficial ressabiado por ter sido prisioneiro de guerra da FNLA, justifica a opção pelo facto do MPLA ser “como nós, gostam da nossa cultura, vinho e bacalhau de Portugal”.
Álvaro Cunhal (fundador do PCP), Melo Antunes (Ex oficial do MFA -25 de Abril), Sérgio Vilarigues (dirigente do partido comunista-PCP), engendraram o envio das tropas cubanas e russas, na defesa de Agostinho Neto, considerado não um defensor do socialismo, mas dos interesses e influência de Portugal, a longo prazo, por ser assimilado, complexado e casado com uma portuguesa. Vital Moreira (constitucionalista do PCP) foi o arquitecto da Lei Constitucional do MPLA de 10 de Novembro de 1975, imposta ao país, cunhando nela impressões digitais de uma constituição dirigente, com o MPLA a ser o órgão de soberania mais importante, através do Conselho da Revolução (veja lei constitucional de 1975).

Todo este acervo vampirista vinda de personalidades portuguesas, que inviabilizaram, há 50 anos, a realização de eleições gerais, justas, transparentes e livres, a constituição de um Poder Constituinte, que elegeria uma Assembleia Constituinte visando a elaboração de uma Constituição originária democrática, a formação de um exército nacional único, levaria qualquer governo patriótico e nacionalista a nunca condecorá-las. Por manifesta cumplicidade, nas guerras e genocídio que se seguiram depois da entrega do poder ao MPLA, suportado por tropas cubanas e comunistas portuguesas, que ajudaram a implantar uma verdadeira ditadura, superior a do proletariado, com fuzilamentos, assassinatos e o maior genocídio, em Maio de 1977: 80 mil cidadãos, sem direito a julgamento, a mando de Agostinho Neto.

A Constituição na al.ª q) do art.º 119.º confere ao Chefe de Estado a prerrogativa de condecorar personalidades de acordo com a Lei, mas não as nacionais e estrangeiras que tenham traído Angola e os angolanos, fomentando a divisão e a guerra entre si.

João Lourenço, enquanto representante temporário do Estado, desrespeitou o art.º 56.º (Garantia geral do Estado), cumulativamente, as alíneas c), f) e n.º 2 do art.º 12.º (Relações internacionais), ambos da CRA. Porque os cidadãos têm sido impedidos de participar em eleições justas, livres, transparentes e sem fraude.

Agostinho Neto não proclamou uma verdadeira República, com três órgãos de soberania; legislativo, executivo e judicial, mas uma Partidocracia Popular de Angola, com quatro: MPLA/Conselho da Revolução; Legislativo; Executivo; Judicial, sendo o primeiro que aprovava o OGE, fiscalizava o executivo, nomeava juízes, entre outras funções…

Os sonhos de milhões de angolanos continuam a ser assassinados, traídos, nos salões do Palácio com condecorações, feitas pelo presidente João Lourenço, à estrangeiros, que semearam a morte e discórdia entre angolanos.

Todo este regabofe só acontece por o MPLA, suportado pelo poder das armas de polícias e militares partidocratas, ao longo dos 50 anos de independência, ser um declarado ProtoEstado, que tudo determina e impõe aos cidadãos, mesmo com uma constituição onde cunhou a palavra democracia.

Mas este Setembro de 2025 é o pior de todos os tempos, para o MPLA, que está, como nunca antes com um medo monumental de perder o poder, por isso não nos limitaremos a esta abordagem, pois falta reflectir sobre o abandono total de João Lourenço a Agostinho Neto, no 17 de Setembro, a confirmação da sua família ter impressões digitais na implantação da corrupção e a não condecoração de verdadeiros nacionalistas e heróis da luta pela independência nacional, que contribuem para a sua baixa popularidade e do MPLA.

O presidente do MPLA diz combater a corrupção, mas não escrutina a que adentra o seu executivo, pois este a multiplica, diariamente.

O ministro da Coordenação Económica, José de Lima Massano ao gastar 3,5 milhões de Euros no casamento do filho, a ministra das Finanças ao continuar a cunhar contratações simplificadas, do gabinete presidencial e de governantes empresários, a ministra da Educação retira orçamento das escolas públicas, sem carteiras, WC e merendas escolares, mas na qualidade de empresária educacional, legisla para haver, nos colégios privados (incluindo os seus), propinas mensais, no pré escolar e primário de mais de 1 milhão de Kwanzas.

O ministro dos Transportes tem gastos astronómicos e afunda o sector, na mesma proporção que é denunciado por engordar as suas contas e património no exterior.

Os magistrados judiciais e do Ministério Público, como nunca antes são milionários, muitos latifundiários, por roubo ao património dos arguidos.

A ladroagem e roubalheira do erário público é descarada, fede enquanto a corrupção é, hoje, Outubro de 2025, uma verdadeira instituição, ao serviço de uma oligarquia selectiva do MPLA.

O partido no poder continua a sua agenda, não só de divisão e resistência a democracia interna, como de combater, ostensiva e assassinamente, os pobres ao invés da pobreza, aumentando, através de opções políticas conscientes e criminosas, a alta dos preços da cesta básica, dos impostos, dos juros, da fome, miséria, injustiça, discriminação, prisões arbitrárias e assassinatos selectivos.

Despeço-me, rememorando o filósofo Suetônio: “Vulpem pilum mutare, non mores” (A raposa muda de pêlo, mas não de costumes).

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